3744 (Identidade Reservada)
Item Set
Número da coleção
3744
Nome(s) do(s) produtor(es)
3744 (Identidade Reservada)
Vínculo
Servidor(a)
Unidade da Fiocruz
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV)
Data de produção
2021-01-21
Título
Contribuição de 3744 (Identidade Reservada) ao projeto "Arquivos da Pandemia: Memórias da Comunidade Fiocruz".
Relato(s)
Experiência de trabalho durante a pandemia:
"Desde meados de 2020 estou praticamente todos os dias em trabalho remoto. Minhas atividades principais são o desenvolvimento de pesquisas - em curso 3 pesquisas - e integrar a coordenação de um projeto de desenvolvimento institucional - a constituição de uma rede de programas de iniciação científica em nível de ensino médio da Fiocruz como um todo, que significa assessorar o desenvolvimento do modelo Provoc em todas as unidades técnico-científicas da Fiocruz situadas além do Rio de Janeiro e a reativação do Observatório Juventude, Ciência e Tecnologia. O projeto tem alguma complexidade e significa um conjunto de atividades que vão desde a formular, realizar, avaliar e replanejar dinamicas institucionais, sempre permeadas por tensões, para o desenvolvimento do projeto, formular processos, textos e apresentações até definir e acompanhar compras, atuando junto a pessoas com quem nunca havia trabalhado e o que é bastante complicado, através dessa comunicação remota (Teams, celular...). Esses meios de comunicação têm a virtude da agilidade mas são extremamente limitantes em se tratando de encontros que exigem uma atenção mais intensa ou debruçar-se sobre materias complexos - planilhas de dados. A impossibilidade de presença empobrece a troca, sem dúvida. Sinto isso também em relação às pesquisas. As pesquisas que tenho desenvolvido são todas junto a estudantes ou outros pesquisadores, todos de fora do laboratório que integro. Não é problema o acesso a dados pois o material empírico já estava coletado em duas das pesquisas e outra é mais ensaística, recorrendo fundamentalmente a literatura. O problema de fato é o empobrecimento da comunicação e a limitação que significa não poder partilhar material impresso, olharmos todos da pesquisa para o mesmo material. É muito angustiante - a comunicação não rende tanto. Para além disso, é muito invasivo o fato do celular ter virado um instrumento de trabalho. É natural que o whatsapp seja a forma de comunicação privilegiada entre membros do laboratório e entre membros de grupos de trabalho, mas acontece de aparecerem mensagens em horários inadequados ou enquanto você está em um outra atividade, o que divide a atençao. Ficar o dia inteiro em frente a uma tela de computador exaure a visão também. São essas as principais adaptações, vividas solitariamente. São desafiantes, mas quando me dou conta de que tenho emprego (quando muitos perderam o emprego), um bom salário (se comparado com a média dos trabalhadores brasileiros) e posso trabalhar desde casa (quando a maioria precisa se espremer em condução lotada, arriscando a vida até morrer), sei que sou uma privilegiada. Se é difícil em algum dia, penso sempre nisso e penso que tenho obrigação de dar o meu melhor. Afora isso, uma indignação com o executivo federal brasileiro e com essa sociedade capitalista tão absurda e injusta: a luta é grande e necessária!"
"Desde meados de 2020 estou praticamente todos os dias em trabalho remoto. Minhas atividades principais são o desenvolvimento de pesquisas - em curso 3 pesquisas - e integrar a coordenação de um projeto de desenvolvimento institucional - a constituição de uma rede de programas de iniciação científica em nível de ensino médio da Fiocruz como um todo, que significa assessorar o desenvolvimento do modelo Provoc em todas as unidades técnico-científicas da Fiocruz situadas além do Rio de Janeiro e a reativação do Observatório Juventude, Ciência e Tecnologia. O projeto tem alguma complexidade e significa um conjunto de atividades que vão desde a formular, realizar, avaliar e replanejar dinamicas institucionais, sempre permeadas por tensões, para o desenvolvimento do projeto, formular processos, textos e apresentações até definir e acompanhar compras, atuando junto a pessoas com quem nunca havia trabalhado e o que é bastante complicado, através dessa comunicação remota (Teams, celular...). Esses meios de comunicação têm a virtude da agilidade mas são extremamente limitantes em se tratando de encontros que exigem uma atenção mais intensa ou debruçar-se sobre materias complexos - planilhas de dados. A impossibilidade de presença empobrece a troca, sem dúvida. Sinto isso também em relação às pesquisas. As pesquisas que tenho desenvolvido são todas junto a estudantes ou outros pesquisadores, todos de fora do laboratório que integro. Não é problema o acesso a dados pois o material empírico já estava coletado em duas das pesquisas e outra é mais ensaística, recorrendo fundamentalmente a literatura. O problema de fato é o empobrecimento da comunicação e a limitação que significa não poder partilhar material impresso, olharmos todos da pesquisa para o mesmo material. É muito angustiante - a comunicação não rende tanto. Para além disso, é muito invasivo o fato do celular ter virado um instrumento de trabalho. É natural que o whatsapp seja a forma de comunicação privilegiada entre membros do laboratório e entre membros de grupos de trabalho, mas acontece de aparecerem mensagens em horários inadequados ou enquanto você está em um outra atividade, o que divide a atençao. Ficar o dia inteiro em frente a uma tela de computador exaure a visão também. São essas as principais adaptações, vividas solitariamente. São desafiantes, mas quando me dou conta de que tenho emprego (quando muitos perderam o emprego), um bom salário (se comparado com a média dos trabalhadores brasileiros) e posso trabalhar desde casa (quando a maioria precisa se espremer em condução lotada, arriscando a vida até morrer), sei que sou uma privilegiada. Se é difícil em algum dia, penso sempre nisso e penso que tenho obrigação de dar o meu melhor. Afora isso, uma indignação com o executivo federal brasileiro e com essa sociedade capitalista tão absurda e injusta: a luta é grande e necessária!"